quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ruídos matinais para Heron Sales

Queixo-me que não durmo e passo a noite escorado
detono-me no estrago que do ócio foi tirado
e caio
como este zumbi que me come o encéfalo
enquanto ele dorme espalhado sobre os meus
fluídos, fluídos - cerebrais
fluídos, fluídos

Eu tenho desviado a fumaça dos teus olhos
pra ver nascer o sol de lado
refletido nos espelhos quebrados
debaixo dos quadros que estão pintados
da chama das luzes
dos anos que nos foram tirados

Somos como a escuridão oposta no pálido
A luz direto rasgando a penumbra
que um dia nos transforma numa coisa só
pra acabar de vez com a dúvida

E caio acordando minha pele sobre o sol chamado
que agora aguarda esperando ouvir os nossos
ruídos, ruídos - matinais
ruídos, ruídos

Estamos quebrados
debaixo dos quadros que estão pintados
da lama das cores
dos anos que nos foram dados

Somos como a escuridão oposta no pálido
A luz direto rasgando a penumbra
que um dia nos transforma numa coisa só
pra acabar de vez com a dúvida.

Florencia Pantano

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